O Jornal Ekipa, um periódico esportivo esloveno, fez um reportagem exclusiva com o brasileiro que veste a camisa 44 do NK Maribor.
Arghus concedeu entrevista e contou sobre todo o início de carreira, família e toda a sua vida atualmente e como está vivendo na Eslovênia.
Abaixo a entrevista e tudo o que o zagueiro brasileiro disse.
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Jogadores do Maribor mereceram levantar a taça que ganharam de melhor time do país, e aqui está um dos que mais tiveram prazer em ganhar esse título, Arghus, o defensor brasileiro.
Zagueiro falante e sempre sorrindo, já tinha estado duas vezes na Europa e apesar do frio, sente-se muito bem aqui, joga com a camisa 44 nas costas e os fãs o amaram muito rapidamente. Não provou ser somente um grande jogador como um personagem sul-americano. Como um bom jogador brasileiro, a música o acompanha até nos vestiários. A temporada de sucesso seria muito mais brilhante se não perdesse uma parte considerável da temporada.
O último jogo antes de voltar aos campos contra o Mura no início do mês, foi em dezembro contra o Birmingham na Liga Europa. Então foram quase 5 meses fora dos campos. E ele voltou em grande estilo. Fez gol no seu primeiro jogo após a volta e foi um dos melhores em campo no Derby. Embora o período sem futebol tenha sido difícil, já que é cheio de energia e vitalidade, Arghus ficou ainda mais motivado e determinado para o resto da temporada. A vida sem futebol não consegue imaginar. Foi o único desejo que sempre teve quando saiu de Canoas, uma cidade pequena perto de Porto Alegre.
Muitos jogadores de futebol brasileiros crescem no meio da criminalidade e da pobreza, o que é verdadeiro muitas vezes, mas Arghus teve uma infância linda e cheia de boas recordações.
"Minha mãe é professora de português e meu pai é militar aposentado. Passei minha infância numa cidade pequena e tranquila, onde a vida ocorreu sem muitos problemas. Eu tenho um irmão mais novo que também joga futebol" disse o brasileiro que começou a jogar futebol aos nove anos de idade e logo isso se tornou a sua vida. Um tempo depois passou a não viver mais em sua casa, já que o futebol o havia mandado para outros lugares, e consequentemente para o exterior. " Portanto eu não tenho muitos amigos no Brasil. Quando eu tinha jogo, eu ia dormir cedo para estar bem, enquanto meus amigos saiam para as festas. Minha vida era sempre nesse ritmo e tinha meus pais que sempre os obedecia".
Sempre a lição de casa primeiro
Ansioso para estar jogando sempre, Arghus tinha suas obrigações do colégio que muitas vezes queria fugir. "Quando criança eu assisti a uma partida da seleção brasileira e sonhava em sem um grande jogador um dia. Mas junto com isso eu estudava para ser tão inteligente quanto sou", riu Arghus que ainda disse que muitas vezes jogava videogame e tentava vencer a Liga dos Campeões, mas sabia que talvez nunca tivesse a chance de jogar nas maiores competições na vida real. "Brasil está tão longe da Europa que eu tinha quase certeza de que não teria a chance de jogar num nível tão elevado e em um clube tão bom, como eu fiz. Mas quando eu joguei a um ano atrás, eu era o home mais feliz do mundo" disse o brasileiro que sempre admirou o zagueiro Lucio e o italiano Marco Materazzi, e que agora gosta muito também de Sérgio Ramos do Real Madrid.
"Materazzi eu gosto da forma que ele se adianta sempre e como marca os atacantes marcando firme, sempre nos calcanhares e do seu jogo pelo alto" disse o brasileiro. E qual matéria gostava mais na escola? "Se puder eu gostaria de mencionar as aulas de Educação Física", disse ele com um grande sorriso, e em seguida acrescentou mais uma: "Português. Como minha mãe é professora de português eu chegava do colégio e ia fazer o tema de casa. Depois que fizesse isso eu poderia sair para jogar futebol." Sobre o que iria fazer se não fosse jogador de futebol, ele nunca pensou em algo específico, pois sabia que seu plano não iria falhar. "Nunca pensei mas em todos os casos seria algo relacionado ao esporte. Não consigo me imaginar sentado em um escritório sozinho e de terno e gravata."
Em Maribor, "muito frio"
Quando foi para os países estrangeiros, especialmente na Itália, sua primeira impressão foi de que era "muito frio".Mas foi somente após a chegada em Maribor que ele percebeu como o inverno pode ser frio. "Na Itália, apesar do tempo, foi uma experiência muito boa pra mim. Embora eu jogasse com os jovens, aprendi um estilo de futebol bem diferente do que estava acostumado no Brasil. Além disso foi uma experiência de vida, aprendi italiano e também cresci de uma maneira, pois não tinha a família comigo. Minha namorada eu não a vi durante 6 meses.
Depois de voltar da Itália, esperou pela sua oportunidade no Brasil, mas como era um zagueiro muito novo, não conseguiu muitas oportunidades para jogar. No futebol, especialmente na terra do samba, os jogadores que entram no gramado geralmente são os mais velhos. Cansado de esperar pela oportunidade, voltou a Europa para jogar, agora na Espanha. Mas devido a dificuldades financeiras do clube, não ficou mais do que 3 meses e mais uma vez teve que voltar para o Brasil. Mas mesmo com tudo isso, Arghus pensa que tudo acontece por uma boa causa e todas estas aventuras onde ele era muito jovem e queria provar seu futebol, finalmente está dando os frutos. Jogou um ano e meio no River Plate, um pequeno clube brasileiro, onde foi bi-campeão estadual, inclusive em um deles marcando o gol do título.
Esta será a minha mulher
"Foi uma grande conquista para mim e era a oportunidade que eu esperava a tanto tempo. Após o bicampeonato, meu empresário disse para eu tentar novamente a Europa. Ele disse que tinha um clube para mim na Eslovênia, e eu sinceramente não sabia nada sobre o país a não ser que era fronteira com a Itália, onde fiquei algum tempo. Mas quando ele me disse que o clube jogou a classificatória para a Uefa Champions League eu disse: Posso ir agora", disse Arghus que continuou a perguntar sobre o clube. Foi dito que o Maribor já havia jogado essa competição de elite e que no clube haviam dois jogadores brasileiros que hoje são amigos de Arghus, o capitão Marcos Tavares e Gabriel da Silva. "Hoje olhando para trás, esse foi um grande salto em minha vida. Minha vida virou de cabeça pra baixo, é claro no sentido positivo. Devido ao sucesso, me tornei mais conhecido em Maribor e apreciado no Brasil, além de tudo isso que jã foi dito. Estou realmente muito feliz." com um largo sorriso no rosto, reconheceu o jovem defensor que também está muito feliz em sua vida particular.
"Eu realmente gosto de Maribor, principalmente por ser pequena e tranquila, mas também tem algumas boas oportunidades de compras. No começo, logo que cheguei, podia sair tranquilamente e ir no shopping, mas agora depois de um ano, as pessoas me reconhecem. Minha mulher também gosta daqui, e é claro, gosta muito de ir ao shopping. Como no Brasil não temos neve no inverno, aproveitamos para ver os flocos de perto, no lado de fora do apartamento" acrescentou Arghus que agora está casado com Amanda, com quem namorou durante anos. "Esta vida tranquila combina comigo. Ao invés de ir em festas, eu prefiro ficar a maior parte do tempo em casa. Nós nos conhecemos há quase 6 anos. Ela é irmã do meu melhor amigo. Quando a vi pela primeira vez não sabia que iria me casar com ela, mas tinha certeza de que seria minha namorada. Seis anos juntos e estamos muito bem. Para mim é realmente muito bom, pois consigo me focar somente em jogar futebol."
Contra Real Madrid e Barcelona
Embora Arghus fale fluentemente Português, Espanhol e Italiano, a língua eslovena parece ser muito difícil, no entanto já entendeu e dominou praticamente todos os termos usados por jogadores em campo. "Para trás, para frente, volta." foi elogiado por todos pelo seu conhecimento e em seguida em um esloveno fluente disse "O melhor Maribor do planeta" que é uma das muitas canções que a torcida canta. No seu tempo livre, gosta de ficar com sua esposa ou sair para jantar com as família de Tavares e Gabriel.
Quais os desejos e objetivos deste jovem jogador que tem um futuro brilhante a sua frente? "Estou muito feliz que conseguimos ganhar o Campeonato Esloveno e espero ganhar a Copa da Eslovênia. Desta vez eu gostaria que a gente jogasse a fase de grupos da Liga dos Campeões e pudesse pegar times como Real Madrid e Barcelona. Sempre pensando para frente." disse o otimista Arghus. E esses pedidos tem algum tempo para se tornarem reais? "No melhor momento. Talvez em um ano ou dois, mas o tempo é indiferente" disse o bonito do Brasil.